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SANTOS, José Veiga. S/t. Fusain sobre papel, c. 1937.

SANTOS, José Veiga. S/t. Fusain sobre papel, c. 1937. Ambos de c. 1937.


Acima: SANTOS, Betty V. Estudos de anatomia, década de 90. (Caderno de desenho). Abaixo fotografia, presumidamente, de Lívia Barbosa.
SANTOS,, V. . s/t, 15,5 x 11 cm. crayon sobre papel de impresso, c. 1940.
Projeto Pró-Museu da Imagem Pictórica, Gráfica e Fotográfica da Paisagem Amazônica
&
PAISAGEM
IMAGEM
MEMÓRIA
A ideia da criação de um espaço museal para abrigar a produção pictórica, gráfica e fotográfica da paisagem amazônica e congêneres, deitou sementes na esteira do Projeto de Pesquisa Crítica, Historiografia da Arte na Amazônia - CHAA que por um tempo ficou abrigado na Faculdade de Artes Visuais do Instituto de Ciências da Arte da Universidade Federal do Pará, quando o responsável pelo Grupo de Pesquisa junto à Pró-Reitoria de Pesquisa da UFPA e ao CnPQ (Professor Doutor Edison da Silva Farias), recebeu de doação - na verdade um resgate realizado juntamente com o Professor Doutor Joaquim Cezar da Veiga Netto (UNIFAP), o que evitou todo o material fosse para o lixo ou fosse doado a especuladores leiloeiros de antiguidades de Belém-, das mãos da representante da família Veiga Santos, boa parte do espólio da pintora/professora e do Atelier Veiga Santos.
Ocorreu que em 2015 o Prof° Dr. Joaquim Netto, de passagem por Belém, ao visitar a residência onde moravam as irmãs, Lucy Santos e Betty Santos ficou surpreso pelo fato de as mesmas estarem ainda vivas, bem como pelo estado de penúria em que as mesmas se encontravam e constatar que a casa em que teve aulas com Betty não mais existia e, no lugar, encontrava-se um pequeno condomínio.
Segundo um informante local, a casa da frente fora destinada às duas irmãs em troca da venda do imóvel. O Prof° Joaquim tentou de alguma forma ajudar aquelas criaturas porém o fato de o mesmo morar em Macapá não lhe permitiu continuar no seu intento.
Uma reportagem sobre o estado de abandono de duas irmãs, por meio de canal de tv conceituado, tratou o caso como de pobres indigentes abandonadas em uma unidade de saúde de Belém. A reportagem ignorou que as senhoras eram filhas do famoso pintor e fotógrafo cametaense, José da Veiga Santos.
«A mídia televisiva local informara, sobre duas irmãs nonagenárias que se encontravam em estado de abandono, em uma casa despojada de confortos no bairro de Batista Campos»1.
Na tarde de 14 de abril de 2015, na cidade de Belém/PA, morria Betty Veiga Santos (1921) e logo após, sua irmã Lucia Veiga Santos.
Diante da notícia buscamos saber informações sobre o que ocorrera de fato e como seria tratado o espólio das artistas, especialmente o de Betty que durante toda a sua vida deu continuidade ao Atelier de Ensino e Pintura do pai.
Ora, na qualidade de ex aluno da pintora - numa verdadeira escolinha de arte -, Joaquim Netto conhecia inteiramente a quantidade e qualidade do acervo bibliográfico e iconológico que Betty usava para ministrar as aulas, práticas e teóricas no atelier.
Ao nos preocuparmos sobre a possível perda de todo o material em questão, não medimos esforços no sentido de proceder à uma curadoria de urgência sobre todo o material.
Com o apoio da Sra. Analzira Vieira, Secretária Executiva da FAV, junto à Prefeitura da UFPA, conseguimos transporte e operários para buscar e carregar o material do bairro de Batista Campos até o Campus Guamá.
Os objetos eram estruturas de apoio ao ensino acadêmico de pintura (cavaletes, suporte para telas, equipamentos didáticos, etc...), livros de arte, manuais e muito material gráfico (esboços, schetchs, estudos a mancheias, fotografias e, inclusive, telas acabadas e não acabadas) tanto da pintora como de seu pai o paisagista e também professor, José da Veiga Santos.
O resgate foi um sucesso. Algumas obras não conseguimos recuperar pois a responsável as vendeu antes de nossa chegada ao local.
Uma delas era a maquete do painel «A adesão do Pará à independência» obra que atualmente cobre uma das paredes do hall da ALEPA.
Todo o material resgatado da lixeira e incineração foi abrigado pelo espaço destinado ao Projeto de Pesquisa CHAA, sala situada no segundo pavimento do Atelier de Artes da UFPA, perfeitamente cuidada para abrigar o material de forma apriorística, carecido porém de tratamento museológico e espaço adequado para consultas e pesquisas outras.
Note-se que por meio da secretária da Faculdade de Artes Visuais do ICA, Sra. Analzira Vieira, alguns mobiliários foram destinados para melhor equipar o espaço.
Ocorreu que em 2016 nos afastamos para realizar estágio pós doutoral em São Paulo quando deixamos o espaço sob a responsabilidade do Prof. Dr. Ubiraelcio Malheiros e fornecemos cópias das chaves, também, para a Profa. Marcela Cabral, docente do Curso de Museologia.
Após esse período tivemos a sala pedida pelo então Diretor da Faculdade, Prof° Luizan da Costa para outra destinação. Mesmo ausentes, a sala fora utilizada pelo Prof° Malheiros, porém o material não recebeu tratamento museológico, como o acertado, antes de nosso afastamento, com a Professora Cabral.
Quando retornamos do estágio, descobrimos que boa parte do material fotográfico fora corroído por cupins. As pastas que se encontravam no chão, por falta de arquivamento correto, foram quase todas deterioradas, somente algumas imagens se salvaram com avarias.
Após nosso retorno à Belém, nos dedicamos às novas atividades acadêmicas e, logo após nos aposentamos, não somente por tempo de serviço, mas, também porque não havia mais clima de trabalho, tanto em nível de salubridade ambiental, física, como social e acadêmica.
Atualmente o espólio foi por nós doado para a Coordenação do Campus Universitário do Tocantins/Cametá - UFPA, sendo o recebedor o Pro° Dr. Eraldo Souza do Carmo, Vice-Diretor do Campus.
Nesse ínterim muitos objetos foram danificados e outros destruidos como telas em processo de pintura esboços, elementos que davam conta de todo o processo artístico da professora pintora.



EDISON DA SILVA FARIAS
JOAQUIM CESAR VEIGA NETTO
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